"Tempo, tempo, tempo mano velho..."

Hoje acordei pensando em como o tempo é contraditório, ou que depende do ângulo pelo qual é observado. Já disse Renato Russo: "Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou, mas temos muito tempo. Temos todo tempo do mundo." O tempo que passou, passou, não se recupera mais. Ao mesmo tempo, temos uma eternidade pela frente para que comecemos a fazer hoje o que não fizemos ontem. Talvez a certeza de termos "todo tempo do mundo" nos faça adiar as coisas das mais simples às mais essenciais para nossa existência.

Adiamos nossos projetos, planos, amores. Deixamos para falar amanhã o quanto gostamos das pessoas que nos são próximas. Em nós, reside a certeza do amanhã, mas ele pode não existir e deixaremos coisas por acabar (ou que nem começaram), sentimentos incofessados. Há pessoas com tanta pressa de viver que passa a cometer excessos; outras deixam que o amanhã se encarregue das coisas. E assim vamos nos complicando pelos excessos ou pelas faltas.

Há quem olhe para o tempo e diga que ele é cruel, pois traz o envelhecimento do corpo. Para outros o tempo traz sabedoria, experiência, a cura para vários males, já que algumas coisas só o ele mesmo pode acalmar.

Assim, como num insight, percebi que o tempo acalmou uma coisa que se mantinha guardada aqui dentro de mim e que, de tudo, só restou o costume, a mania de querer que isso continuasse vivo. Não sei exatamente quando isso aconteceu, mas só hoje percebi.

Nana Caymmi - Resposta ao Tempo