Senta que lá vem história!

Segundo semestre de 1997. Estava entrando na faculdade. Conheci-o (vamos chamá-lo de "A") logo nas primeiras semanas, pois eu chegava, encontrava-o conversando com meu professor de Metodologia Científica e, como pessoa educada que sou, dava bom dia aos dois. Assim se iniciou um relacionamento amistoso entre bom dia, "ois" e acenos de longe. Passou-se o tempo e ele resolveu se aproximar. Quando me encontrava na praça de alimentação, aproximava-se e puxava assuntos. Tínhamos algumas coisas em comum, especialmente no gosto musical; éramos estudantes de Direito (ele mais adiantado e eu iniciante); gostávamos (gostamos) de poesia; alguns telefonemas; papos entre amigos em comum que fizemos lá mesmo na faculdade etc.

Mais tarde, percebi (e minhas amigas também) que ele começou a me tratar de uma maneira diferente depois que conheci um outro rapaz (vamos chamá-lo de "B") que vivia me abraçando pelos corredores, às vezes andava com a mão em volta do meu ombro, ou de mãos dadas e sempre cheio de beijinhos pra lá e pra cá. "A" ficava dias sem falar comigo quando me via com "B". Confesso que "B" me conquistou, mas logo tirei meu cavalinho da chuva porque ele veio me falar que namorava há 3 anos e mesmo assim tinha uns casos por fora e que não terminaria o namoro por aventura nenhuma, ou seja, estava me dizendo as regras do jogo. Eu já estava apaixonada, mas a partir daquele momento, era só amizade. Um belo dia, estávamos nós três conversando quando "B" levantou para ir embora e veio me cumprimentar pedindo um beijo e já partindo pra cima. Afastei a cabeça para trás e mandei que ele me respeitasse. Isso tudo na frente de "A"

Chegou o 5º período da faculdade e "A" iria fazer Direito de Família com a minha turma. Cada vez mais ele demonstrava interesse, sentava sempre próximo a mim e tal. Eu comecei a me deixar levar pela situação, mas não queria estragar a amizade, nem estava realmente apaixonada e ficava em cima do muro. Uma amiga minha, sem que eu soubesse, disse a ele que tinha percebido seu interesse por mim e que se ele quisesse tomar alguma iniciativa, poderia ter uma chance. A criatura inverteu toda a situação e veio me dizer que ninguém nunca tinha se declarado pra ele, que apreciava muito minha coragem de dizer que estava apaixonada, mas que não daria certo e blá blá blá. Ok. Amigos, então.

A partir desse dia, embora depois de tudo que disse, ele se mostrava cada vez mais interessado e chegou até a colocar sua mão na minha enquanto eu estava segurando a página do código, na sala de aula. Mas se era amizade, era amizade e pronto. Logo depois disso, ele trancou a faculdade e nos falávamos de vez em quando por telefone até surgir um congresso do qual ele também resolveu participar. Assim que me encontrou, disse que sentia muito minha falta, que se sentia um idiota por não ter assumido que gostava de mim e aquela coisa toda.

Então, mesmo não estando apaixonada e imaginando que ele não estava tão envolvido assim, resolvi namorar, afinal, estava sozinha mesmo. Foi então que os problemas começaram. Ele queria namorar escondido da família dele, alegando que eles iriam se meter no namoro etc e queria que eu não falasse nada a ninguém também, nem queria vir aqui em casa, apesar de já conhecer meus pais e meu irmão. Isso porque ele tinha 25 anos, cronologicamente falando. Mentalmente, parecia ter uns 10. Sem falar em outras coisas que tinham que ser exatamente do jeito que ele queria e eu não suporto alguém me dando ordens, principalmente em se tratando de namorado.

Resultado: ele não suportou minha "desobediência" e terminou o namoro, dizendo que não ia dar certo porque eu estava gostando mais dele do que ele de mim. Ok, beleza! O engraçado é que, até hoje ele se arrepende de ter feito isso e faz questão de deixar bem claro. Ainda tentei manter a amizade, já que gosto dele como pessoa e não temos motivos para não nos falarmos mais, mas ele sempre quer levar as coisas para outro lado e eu acabo cortando e ele acaba com raiva de mim. No último rompimento, ele chegou a dizer que nunca fomos amigos. Só se ele nunca foi meu amigo, pois eu sempre me senti amiga dele e já demonstrei de várias formas, mas enfim...

Complementando: ele é portador de deficiência física (paraplégico) e não se aceita do jeito que é. Portanto, também acha que nenhuma mulher, a não ser que seja paraplégica, possa se interessar verdadeiramente por ele. Acredito que ele tinha receio de ser trocado por uma pessoa "normal" e fatalmente isso aconteceria. Não por ele ser deficiente físico, mas pela maneira de ele ser: teimoso, mandão, autoritário. Eu não suportaria por muito tempo. Por conta de sua condição, vive com sérios problemas de saúde e já fez várias cirurgias por causa de insuficiência renal. Prefere se afastar do mundo, das pessoas que poderiam fazê-lo se enxergar de outro modo. Gosto dele, sinto falta da amizade que tínhamos, sem outros interesses. Não sei se vale a pena eu tentar uma outra aproximação, já que ele deixou bem claro que não somos e nunca fomos amigos. Mas se ele me procurar, será bem recebido.

*Não sei por que resolvi falar disso hoje. Ficou enorme o texto... essa música marcou toda a história, com direito a uma paródia feita por ele pra mim:


5 Entra aí!:

Sandra Timm disse...

Por essas e outras me pergunto: quantas vezes deixamos a felicidade escapar por conta de nossos fantasmas interiores?

Quando "acordamos " a tempo, ainda se dá pra recuperar alguma coisa...

A vida é dificil, pessoas são dificeis, o amor é difícil... mas se nessa vida encontramos pessoas e as amamos, por que não simplificar?

Por isso vivemos tão sozinhos...

Lou disse...

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!

Eu amo essa música muitãozão.

Que complicada essa situação, hein? Nem sei o que dizer sobre A. Mas, sobre B eu sei: safado sem-vergonha na cara! Eu tinha um colega de faculdade que era bem esse tipo, só que eu não tinha um pingo de paciência com ele e jamais gostei dele.

Beijão!

Fábio disse...

o layout ta lindo!
o B é um safado mesmo!
bjo0!

Andreia Inoue disse...

eita que o b é super safadao ao quadrado,e acho que o a verdadeiramente gostava de voce,so que o fato dele nao lidar bem com a deficiencia dele,é que o deixava pe atras com qualquer pessoa,se ele nao se aceitava,era impossivel ele acreditar que alguem o aceitaria ne?
por isso que acho que antes de gostarmos de qualquer pessoa,devemos gostar de nos mesmos e nos aceitarmos,pq senao nos cobramos muito e muito mais do que merecermos ser cobrados,
beijao e gostei bastante do post,principalmente pq me lembrou situacoes semelhantes!!!!

Adlianny disse...

Mônicaaaaa, que história em?
E que B safado, cara de pau,será que ele imaginou que vc pudesse aceitar essa situação?
E A então? E concordo com Andréia, acho que ele teria mesmo que se aceitar primeiro, mas ele com certeza godtava muito de vc.
Quanto a uma nova aproximação acho bem complicado, ainda mais depois de ele dizer que nunca foram amigos, mas se ele tentar não se esquiva não? Sinto que vcs se gostam...
E que coisa boa que vc resolveu falar disso, é sempre bom ficar sabendo um pouquinho mais sobre pessoas especiais como vc.
Se cuida querida...
Beijoo bem grande